Subscribe to my full feed.

quarta-feira, março 08, 2006

...afinal ... 8 de Março!


O poema é como um corpo de mulher.
Há-de ser suave, leve, belo.
Há-de possuir pontos sensíveis,em que um simples toque o faça vibrar.
Há-de ser forte e delicado, flexível, mas inquebrável.
Para alguns é impenetrável.
Para alguém especial, é aberto, transparente, claro.
LU
Gosto das mulheres que envelhecem,
com a pressa das suas rugas, os cabelos
caidos pelos ombros negros do vestido,
o olhar que se perde na tristezados reposteiros.
Essas mulheres sentam-senos cantos das salas, olham para fora,
para o átrio que não vejo, de onde estou,embora adivinhe aí a presença de
outras mulheres, sentadas em bancos de madeira,
folheando revistasbaratas.
As mulheres que envelhecem
sentem que as olho, que admiro os seus gestos
lentos, que amo o trabalho subterraneo
do tempo nos seus seios. Por isso esperam
que o dia corra nesta sala sem luz,
evitam sair para a rua, e dizem baixo,
por vezes, essa elegia que só os seus lábios
podem cantar.
Nuno Judice